Sei que vocês estão cansados de ler e ouvir falar sobre o Framework Scrum, mas e se dessa vez eu te apresentar algo diferente? Existem diversos frameworks que tem como objetivo escalar a agilidade através do Scrum, um deles é o Framework LeSS.

Nosso primeiro texto falando sobre como escalar o ágil será de um framework muito utilizado no mundo, mas ainda pouco conhecido no Brasil. O LeSS começou a aparecer em grandes empresas mundiais, como a Ericsson, Nokia Networks, JPMorgan and BAML, BWIN e Valtech India.

A seguir vou te apresentar o que é o Framework LeSS, algumas semelhanças e diferentes com o Scrum e tudo o que você precisa saber para começar a aplicar suas práticas.

O que é o Framework LeSS?

O Framework LeSS (acrônimo para Large-Scale Scrum) é um modelo de aplicação do Framework Scrum quando temos muitos times trabalhando em conjunto em um único produto.

Apesar de ser Scrum, o LeSS não é um Scrum novo e aprimorado, ele busca aplicar os princípios, propósito e elementos do Scrum em um contexto de grande escala, de forma mais simples possível.

O Framework LeSS surgiu pela primeira vez em 2002 quando Craig Larman escreveu o livro Agile & Iterative Development, quando a maioria das pessoas diziam que o desenvolvimento ágil servia apenas para pequenos times. Mas foi só em 2005 que ele e Bas Vodde passaram a utilizar este modelo para seus clientes quando prestavam consultorias.

Também é importante saber que o LeSS fornece dois modelos para que os times trabalhem no desenvolvimento de um produto, estes modelos possuem uma estrutura dinâmica e práticas ágeis que permitem diversos times fiquem engajados em torno de um único objetivo.

• LeSS: Com oito times trabalhando em conjunto, sendo que cada time pode conter até oito pessoas.
• LeSS Huge: Existe milhares de pessoas trabalhando em um único produto.

Estes dois modelos funcionam basicamente como um único Time Scrum, com suas semelhanças e diferenças de um time original.

O que significa ter um único time?

Apesar das duas versões do LeSS citarem que durante o fluxo de desenvolvimento terá vários times trabalhando em conjunto, veremos que todos eles trabalham como um único time. Sabemos que o framework é uma versão ampliada do Scrum, mas ainda sim mantém algumas de suas práticas:

• Todos os times possuem um único Product Backlog, já que é para o produto e não específico para o time.
• Todos os times possuem uma única Definição de Pronto.
• Todos os times possuem um único Product Owner, responsável pelas evoluções e priorizações no desenvolvimento do produto.
• Todos os times trabalham em uma única Sprint, participando até mesmo das mesmas cerimônias.
• Todos os times trabalham na entrega de um único incremento, sendo que as entregas serão integradas ao fim de cada Sprint.
• Todos os membros dos times são multifuncionais, ou seja, possuem todas as habilidade necessárias para o desenvolvimento.

Como você pode perceber, o LeSS mantém as principais práticas do Scrum para todos os times, fazendo com que eles se tornem um único time, independente que estejam 2 ou vários times trabalhando em conjunto.

Isso faz com que as pessoas que chegam para trabalhar em um time consigam se adaptar o mais rápido possível, caso elas mesmas tenham passado uma experiência anterior de trabalhar em um Time Scrum.

Framework Less x Framework Scrum

Por ser um framework que tem como objetivo escalar práticas ágeis para várias equipes, o Framework LeSS possui diferenças com o Framework Scrum, mesmo tendo ele como inspiração, algumas dessas diferenças que podemos perceber são:

1. Sprint Planning em 2 Partes: Na primeira parte da reunião é realizada com o Product Owner e os demais times, onde todas elas irão decidir em conjunto a divisão dos itens do backlog do produto, conforme o que foi priorizado. Já na segunda parte, a reunião é realizada individualmente em cada um das equipes, onde eles planejam como irão trabalhar com os itens escolhidos.
2. Daily Scrum: Diferente da reunião de planejamento, ela é somente realizada independentemente para cada uma das equipes, embora membros dos times possam participar de reuniões de outros com o objetivo de aumentar o compartilhamento de informações.
3. Coordenação: Funciona como espaços abertos ou comunidades entre os membros dos times para que eles aumentem o compartilhamento de informação de forma transparente e regular.
4. Refinamento do Backlog do Produto Geral: É uma reunião curta e opcional onde o Product Owner e todos os times participam para decidir quais equipes possuem probabilidade de implementar quais itens, alinhando estratégias do PO com os times e permitindo que estes times possam se aprofundar mais no que irão trabalhar.
5. Refinamento do Backlog do Produto por Time: Já nesta reunião de refinamento é realizado por um time para que os membros possam se alinhar com o que deverá ser desenvolvido, é bem comum que outros times sejam convidados para participar e ajudar na contribuição de ideias e melhorias do que será feito.
6. Revisão da Sprint: Como todos os times trabalham em conjunto durante uma sprint, cabe a eles e ao Product Owner apresentarem juntos o incremento que está sendo entregue ao cliente, e sim, será uma sala com diversas pessoas e com o seu cliente, mas isso ajudará muito na hora de receber os feedbacks pela entrega.
7. Retrospectiva Geral: Os times podem realizar retrospectivas individuais, mas a ideia é que todos eles participem de uma única retrospectiva, com foco em explorar a melhoria geral do sistema em vez de focar em um único time.

Em resumo, podemos dizer que um LeSS é um framework que mantém muitas das práticas e ideias do Scrum, o formato dos times, o autogerenciamento e a multidisciplinaridade dos membros, ter um único Product Owner e um único backlog do produto, possuindo algumas adaptações para torná-lo escalável.

Como você pode imaginar, o mundo do LeSS é imenso e em apenas um texto é impossível trazer todas as possibilidade, práticas e elementos que ele possui, portanto pretendo trazer uma série de artigos sobre este tema em breve.

Mas me conta aqui nos comentários qual a sua opinião sobre o LeSS, ele pode ser uma alternativa para escalar a agilidade?

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